Blog
out
19

Curso de fotografia: A CÂMARA CRIATIVA e Exposição de trabalhos com Thomaz William Mendoza Harrell

CURSO CANCELADO POR MOTIVOS DE SAÚDE.

PEDIMOS DESCULPAS PELO TRANSTORNO.

Sobre o curso: “A Câmara Criativa”

 

camera obscura

Partindo das linhas estabelecidas da palestra de abertura a Câmara do Futuro, o Curso pretende abordar os recursos modernos das câmaras fotográficas que a maioria dos usuários ignoram ou deixam de usar por falta de conhecimento ou incentivo.
Trata-se de um curso voltado para quem já fotografa mas quer fugir do registro normativo fotográfico. “A câmara criativa” revisita os princípios básicos da câmara e busca apresentá-los como formas de reconstruir o olhar fotográfico partindo de uma visão criativa e arejada do sujeito. Durante os encontros aos sábados serão abordados os temas clássicos como objetivas, exposição, enquadramento,e de programas como panorâmica HDR e outros, com o objetivo de incitar os participantes a fazer uso desses recursos de forma criativa.
Sobre o ministrante: O fotógrafo Thomaz William tem formação profissional nos Estados Unidos e foi professor de fotografia numa Instituição Federal de ensino Superior. Hoje faz pesquisa e ministra cursos e workshops em São Paulo e Minas Gerais.
Do fotógrafo e Prof. Thomaz William Mendoza Harrell

Local: Espaço cultural da Casa Amarela
Rua José Maria Lisboa, 838 – Jardim Paulista.

Exposição: De 18 de Outubro até 14 de Novembro 2016
Palestra: “A Câmara do Futuro” 18 de Outubro das 20:00 às 20h40 min.

Curso: Aos Sábados das 10:30 às 12:30 horas
De 18 de Outubro até 14 de Novembro 2016

Inscrições abertas no Espaço Amarelo

jun
29

Nova mostra do Acervo IAED: um pouco sobre Cecília Stelini

 

“…A seus passos, os campos ressecados umedecem-se e fertilizam-se. As flores voltam a desabrochar. A primavera retorna…”

A artista vem  ha tempo buscando outros tipos de técnicas, sobretudo na cerâmica, e essa insaciável procura fez com que criasse a fase caracterizada pela pesquisa de materiais e efeitos no vidro. As formas modeladas em vidro, sendo observadas separadamente, são simétricas com duas extremidades ligeiramente elevadas. Têm como característica a transparência e a coloração de manchas, contendo, em algumas, inscrições douradas relativas à conotação temática. Essas peças, de vários tamanhos, representam uma releitura da simbologia do “lírio” – gênero de plantas da família das liláceas – , ou da “lis”, flor como é conhecida na heráldica. Embora isoladamente apresentem peculiar expressividade, a qualidade primordial do universo plástico da artista consiste na sintonia gerada pela distribuição dos elementos.

Os objetos são apresentados numa disposição triangular, cuja quantidade é múltipla de três. Estão agregados de acordo com as suas cores: azuis, laranjas, vermelhos ou lilases. Em sua mais alta significação o “três” equivale ao emblema da Trindade e significa também a influência do espírito sobre a material, do ativo sobre o passivo. A distribuição das peças merece especial atenção, pois realça a simbologia significativa do “ternário”, conduzindo-nos a uma penetração contemplativa mais condizente com o todo de sua instalação.

Ha peças ritmadas, apoiadas nos módulos. Algumas estão iluminadas junto as paredes laterais, enquanto outras maiores, que parecem aladas, estão fixadas no alto também sob o efeito da luz. As três situações propostas nos lembram os ternários correspondentes que Guenon estabelece ao tratar dos três mundos descritos por Dante em sua Commedia: Sattawa, Rajas, Tamas: céu, atmosfera e superfície da terra, interior da terra; future, presente, passado; supra-consciente, consciência, inconsciente.

A aparência desenvolta dos objetos, a posição triádica dos mesmos, a atmosfera resultante das luzes e sombras, explanam a relação dialogal ontological do inter-humano. Para a artista, os seus lírios não se fecham, não são pura interioridade, pois emanam o aroma de abertura ao próximo, traduzindo a relação essencial do homem, que é o diálogo…o encontro.

Há borboletas em um campo…”

Paulo Cheida Sans

P1030758

jun
23

Nova mostra do Acervo IAED: um pouco sobre Alfredo Rizzotti

“Último artista a integrar o Grupo Santa Helena, é também um dos poucos não oriundos do subúrbio paulistano. Suas paisagens privilegiam a zona rural e os elementos interioranos do estado, valorizando sempre a presença do homem neste ambiente. Embora seu nome seja pouco reconhecido, a importância do pintor se deve principalmente à atuação frente aos ateliês do palacete Santa Helena e sua participação nas exposições da Família Artística Paulista.

Rizzotti costumava atribuir sua escolha pela pintura ao contato com um artista cubano, quando ainda habitava a cidade de Serrana. No entanto, sua formação acontece na Itália, entre 1924 e 1935, onde cursa a Escola Profissional de Novaresa e a Academia Albertina de Turim, como aluno livre. Durante este período, sua produção artística permanece desconhecida. Retornando ao Brasil, passa a viver em São Paulo, freqüentando, a partir de 1937, o Palacete Santa Helena. De caráter introvertido, aproxima-se principalmente de Aldo Bonadei, com o qual compartilha estilo semelhante. Exerce as atividades de torneiro mecânico, mecânico de automóveis e fresador, convivendo bastante nos meios operários. Como era comum aos integrantes do Grupo Santa Helena, o contato com o proletariado marca a figura humana em sua obra, mesmo nas paisagens representativas do interior. O gosto pela representação de ambientes de vida simples, pelos retratos e os quadros de natureza morta são seus temas mais recorrentes e estão presentes nas obras das duas mostras da Família Artística Paulista das quais participou: a de 1939 e a de 1940.

O espírito severo e perfeccionista, reconhecido pelos colegas, é tido como um dos motivos para a pouca divulgação de sua obra. Costumava refaze-las diversas vezes, demonstrando constante insatisfação. Além disso, sofria de sérios problemas de saúde como um eczema e a alergia a tintas, o que lhe ocasionou inúmeras intoxicações. A persistência fez com que continuasse a pintar por muitos anos, apesar das desavenças médicas. Esteve em mais de uma edição do Salão Nacional de Belas Artes, ganhando a medalha de bronze (1942) e a medalha de prata (1947), e do Salão Paulista de Arte Moderna, premiado com a medalha de bronze (1963). Em 1946, esteve presente na grande exposição que reuniu três gerações de artistas brasileiros, no Chile. Impressionava principalmente por suas paisagens bucólicas e instintivas e seus tipos humanos populares.”

 

Carolina Amaral de Aguiar

 

P1030744

 

jun
21

A ação do tempo na prática do olhar museológico

A equipe do Espaço Amarelo preserva e promove mostras rotativas do Acervo IAED (Instituto de Arte, Educação e Desenvolvimento), e também promove mostras rotativas da coleção incluindo a exposição de obras que passaram por processos de restauração.

Recentemente inauguramos uma nova exposição de esculturas, instalações, gravuras e desenhos.   O Acervo IAED, que veio se formando desde 1960, sofreu ações do tempo. Quando afirmamos “o sofrer” enquanto verbo transitivo, tendemos à compreender tal sentido comumente de maneira pejorativa: “o sofrer” enquanto algo negativo.

 Percebemos as obras e o entorno; os tijolos, as paredes, as plantas, todas as marcas de fruição geradas por essas diversas matérias em constante contato e interação com o ambiente: rachaduras, veios, vestígios, sombras, fissuras, curvas, manchas. Uma sensação da presença da vida e da entropia, essas entidades inseparáveis e presentes em todos os cantos à todo tempo, deixam marcas e fazem história.

 Decidimos deixar essa história evidente. Não acobertá-la.

Segundo Cesare Brandi (1906-1988) – um importante teórico de restauração da história – uma das principais peculiaridades da obra de arte está relacionada com o momento no qual esta passa a fazer parte do mundo, do particular ser no mundo de cada indivíduo, evidenciando a aceitação da arte enquanto produto da espiritualidade humana. Nesse sentido  se torna essencial, durante um processo de restauração, visar o restabelecimento da unidade potencial da obra de arte evitando cometer um falso artístico ou um falso histórico, de  maneira a impedir o apagamento total de traços da passagem da obra de arte no tempo (BRANDI,p.33)

 

“Uma obra de arte, não importa quão antiga e clássica, é realmente, e não apenas de modo potencial, uma obra de arte quando vive em experiências individualizadas. Como um pedaço de pergaminho, de mármore, de tela, ela permanece (sujeita, porém, às devastações do tempo) idêntica a si mesma através dos anos. Mas como obra de arte, é recriada todas as vezes que é experimentada esteticamente.” (BRANDI, p.28)

 

 A instalação em destaque, do artista Orlando Marques (1963, Santa Bárbara D´ Oeste – SP), consiste em um conjunto de miniaturas de cadeiras feitas de ferro e solda que variam em seus tamanhos.  Orlando Marques é um artista plástico experimental e performático. Ao montarmos a instalação nos deparamos com as marcas do tempo nas miniaturas de suas cadeiras:  as pernas longilíneas levemente envergadas. Levantou-se a questão: aceitar ou não esse efeito do tempo? Compreendê-lo enquanto defeito, imperfeição ou enxergar a beleza desta marca de vida atuante sobre o material?  Segundo as palavras do artista Orlando Marques:

Tomo qualquer objeto como pretexto. Fecho o círculo à partir da reação de cada pessoa. Surge um novo espaço, perguntando e respondendo, abre um leque de enigmas. Ilustrar não é minha intenção, apenas aponto e sugiro tempos.

Ao considerar a questão do tempo enquanto algo aberto e passível de transformação contínua, o artista aproxima a reflexão acerca do desprendimento de um ideal a ser preservado e desta maneira valoriza os enigmas enquanto formas de interação entre espaço, tempo, e as vivências de cada um.

 Podemos enxergar tal fato a partir de uma perspectiva filosófica oriental chamada Wabi-Sabi. O Wabi-Sabi representa uma abrangente visão de mundo japonêsa que consiste em uma visão estética centrada na aceitação da transitoriedade e imperfeição. Essa idealização artística  foi desenvolvida por volta do século XV no Japão, durante o período Muromachi, na cerimônia do chá executada por Sen no Rikyu com base nos ideais do Zen Budismo.  Envolve uma maneira de viver que se concentra na busca da beleza das imperfeições da vida e na aceitação pacífica de seus ciclos naturais de crescimento e declínio. Pode-se dizer que é uma apreciação estética do despojamento, muito atrelada ao desapego de um ideal de perfeição estético cultuado pela cultura ocidental,  o qual provém da influente cultura Greco-Helênica.  Junto a aceitação da imperfeição, estão também atributos como a assimetria, a irregularidade, a modéstia mesmo em coisas repletas de falhas e rachaduras, ou seja, marcas do tempo.  A palavra “wabi” refere-se a simplicidade, a elegância e ao rústico, enquanto “sabi” à beleza da idade, do desgaste e das rugas do tempo.

 Outra artista presente na mostra é Lily Simon (1940, Barra Bonita/SP). Uma peça escultórica de madeira que se assemelha a um totem primitivo exalta a linguagem da artista que apresenta em suas obras um fator filosófico constante correspondente à estética da precariedade: uma forma de pensar o material abandonado pelos meios sociais, reciclando-o de maneira à transformar o insignificante em novos significados. A peça compõe uma instalação junto a duas telas de grandes dimensões onde se encontram registros de seus grafismos de maneira a criar linhas e espaços que remetem ao primitivo das cavernas, tendo em vista também as cores terrosas com que a artista escolhe trabalhar e preencher a superfície dos suportes: telas, madeiras, chapas de metal. Vemos que a marca do tempo é um elemento da poética do seu fazer e em diálogo com a filosofia “wabi-sabi” em termos da valorização de registros de um território estético a ser explorado: a precariedade enquanto valor simbólico.

Além desses artistas, duas serigrafias de Tomoshige Kusuno (Yubari, Japão, 1935) apresentam temas distintos e em suportes diferentes segundo o intuito curatorial  de ilustrar o conhecimento do artista acerca das técnicas de serigrafia. Kusuno costuma explorar nelas a figuração onírica, algo como paisagens fantásticas com especial ênfase  às relações entre cores e formas  e o purismo precedente deste jogo.

“Desde que chegou ao Brasil em 1960,  Tomoshige Kusuno firmou-se como presença marcante em nossa produção de artes plásticas. Inquieto e inovador, ligado à vanguarda mas também à tradição, talvez tenha confundido alguns críticos e apreciadores de arte pelo modo como evoluiu em sua trajetória. Principalmente pelo gradativo abandono da fascinação do estético em favor da densidade, do conteúdo filosófico da obra e da coerência de um projeto que não é apenas de pesquisa formal, mas de revelação do mundo e descoberta de estruturas ausentes.”  

 Claudio Willer

Acompanhe o blog do site do Espaço Amarelo e confira mais sobre cada artista presente na exposição: Aldemir Martins, Tomoshige Kusuno, João Rossi, Maria Botelho de Souza Aranha, Orlando Marques, Francisco Stockinger, Lily Simon,  Cecília Stelini, Nuca de Tracunhaém, Alfredo Rizotti, G. Dorbels, Angela Maino,  Cristina Pollesel e Mário Gruber.

 Abaixo seguem algumas imagens. Esperamos que as apreciem sob a influência desse raro olhar Wabi-Sabi e que venham sentir e ver de perto a atmosfera estética da exposição.

Sofrendo com o tempo

Autoria: Mayra Rebellato

Revisão: Heraclio Silva

jun
20

Nova mostra do Acervo IAED: um pouco sobre Lily Simon

 

“A obra de Lily Simon concede várias leituras ao observador atento. Há em todas as suas nuances, contudo, um fator filosófico que se mantém; A estética da precariedade, uma forma de pensar a material abandonado pelos meios sociais, reciclando-a, fazendo do insignificante um novo signo, obtendo novos significados.”

Alberto Beuttemuller

 

“No inicio de sua carreira de desenhista Lily Simon, desprezando o mundo real, submerge em outro mais abstrato que povoaria, mais tarde, de seres e monstros criados por sua fascinante imaginação.  Querem alguns seja ela incluída entre os artistas seguidores da arte magico-fantástica, enquanto outros do surrealismo. Parece-nos, no entanto, apesar de possuir alguns atributos que caracterizam ambas essas correntes, ser uma desenhista tão pessoal que não deve ser rotulada. Símbolos e seres condizentes com seu mundo de ficção, diferenciam-se dos quase que academizados, usuais naquelas correntes. Com absoluto domínio da técnica do desenho e do nanquim, realiza seus excelentes trabalhos sem prévios esboços o que lhe aumenta extraordinariamente a espontaneidade. Vimo-la trabalhar e somos testemunhas de como, ao correr da pena, vão surgindo sobre o  papel os mais fantásticos seres somente concebíveis pela mente criadora de um artista. Para valorizá-los, as linhas ou se adelgaçam ou se tornam mais espessas, sem a menor excitação da artista. Havendo acompanhado de perto a rápida evolução sofrida por Lily Simon nos últimos tempos, sentimo-nos felizes por termos a oportunidade de apresentá-la na presente mostra.”

Ernestina Karman

 

 

P1030757